domingo, 6 de setembro de 2015

ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO TRATAMENTO DE INDIVÍDUOS RONCADORES.



O ronco é um ruído que pode ocorrer durante o sono, é gerado principalmente na inspiração e é causado pela vibração dos tecidos moles na orofaringe é o resultado de uma série de fatores neurológicos, endocrinológico, otorrinolaringológico, psiquiátrico, pneumológico e fonoaudiológico, e podem estar associados ou não. O ronco pode aparecer em qualquer idade e é nocivo à saúde, não sendo apenas um simples ruído e sim um sério distúrbio para o organismo devido à diminuição respiratória quando está associado à apneia obstrutíva noturna. A apneia e o ronco são um problema médico-social, e muitas vezes são sequelas da respiração bucal. Todo o indivíduo apnéico apresenta ronco, mas nem todo o indivíduo que ronca é portadora de apneia.
O paciente com apneia apresenta ronco interrompido pelos episódios de parada respiratória, e os indi víduos que apenas roncam, apresentam ronco suave e contínuo. O ronco do paciente apneico é percebido por um silêncio respiratório finalizado com uma expiração brusca e o seu despertar. O ruído tem origem na região da via aérea onde encontra-se os tecidos moles(epiglote e coanas), envolve o palato, a úvula, as tonsilas palatinas e as mucosas faringeas.
De acordo com as fases do sono, ocorre um relaxamento muscular central bem acentuado e se os tecidos moles moles estiverem hipotônicos ao entrarem nesse relaxamento, os tornam mais volumosos e flácidos, gerando o ronco com a passagem de ar. Existem estudos de que ocorre uma atonia muscular durante a fase do sono REM, gerando uma parada respiratória nos indivíduos predispostos à apneia.
Os dados apontam que a incidência do  ronco na população é maior no sexo masculino, e com o avanço da idade existe uma intensificação do ronco, sendo mais intenso em indivíduos obesos, alcoólatras e fumantes. Sabendo-se que a hipotonia dos tecidos moles da orofarínge provoca o ronco, acreditamos  que a fonoaudiologia possa contribuir para o tratamento desses pacientes, uma vez que a terapia miofuncional oral faz parte de nossa prática clínica diária. Estudos apontam que a hipotonia da via aérea superior é o fenômeno mais importante  na patogenia da síndrome da apneia obstrutiva do sono e do ronco, não sendo raro encontrar-mos enfermidades ou alterações anatômicas que a favoreçam. Quatro fatores que podem estar associados ou não, contribuem para o ronco:
  •  Tônus diminuído da faringe, palato e língua, não mantendo os padrões de passagem de ar, conduzindo a um colapso faríngeo parcial.
  • Massas como adenóide e tonsilas obstruindo a passagem aérea.
  • Úvula e palato mole longos vibrando durante a respiração
  • Obstrução nasal requerendo esforço inspiratório excessivo, o que gera grande pressão negativa faríngea, levando a um colapso da passagem aérea.
Foi observado que o ronco e a apneia noturna são mais comuns na posição supina que na sentada, avaliando os efeitos da postura em indivíduos normais, roncadores e apneicos, com resultados que os pacientes com apneia possuem passagens aéreas mais estreitas na posição ereta, por diferenças ósseas e localização de gordura. As consequências do ronco são a hipertensão arterial sistêmica e cardiopatias que os não roncadores, os pacientes que roncam sofrem vários efeitos sociais, porém quando associados a  apneia, os sintomas são muitos: cefaleia, mudança de personalidade, sono diurno,  mau rendimento escolar e intelectual.
É importante realizar uma avaliação detalhada que inclui eletrocardiograma, química sanguinea, função da tireóide, polissonografia e estudo radiológicos. Devemos avaliar o paciente roncador:
  • Nasal: septo, cornetos, coanas, e nasofaringe, pois os problemas  obstrutivos nasais aumentam a pressão negativa da via respiratória superior, colapsando a faringe, a rinofonia é um sintoma comum neste paciente;
  • Mandíbula: prognatismo ou retrognatismo;
  • Palato: geralmente estes pacientes apresentam um palato alongado que dificulta a visualização da nasofaringe;
  • Úvula: pode estar aumentada de tamanho;
  • Língua: geralmente alargada e aumentada.
Além da avaliação das estruturas, há necessidade da realização da nasofibroscopia para observar a função velofaringea, de exames cefalométricos e da polissonografia.
Para o tratamento é proposto de uma forma geral respeitando cada caso, os seguintes tratamentos para o ronco secundário ou não à apneia: Controle da obesidade, por um endocrinologista; redução d eliminação de vícios por um psiquiatra; tratamento ortodôntico e bucomaxilofacial, além de cirurgias como a uvalopalatofaringoplastia, palatectomia e uvulectomia parcial, uso de medicamentos.
Metodologia: Devemos avaliar o paciente com queixa de ronco sem alterações obstrutivas respiratória apresentando ou não apneia individualmente, que consta em anamnese caracterizando a queixa e a história pregressa do ronco, avaliação das estruturas do sistema estomatognáticos no que diz respeito à postura, tônus e mobilidade, além das funções neurovegetativas, da voz e da fala.
O trabalho fonoaudiológico visou à adequação do tônus e da mobilidade das estruturas do sistema estomatognático, dando ênfase à musculatura posterior de língua e do esfíncter velofaríngeo, região onde encontramos a maior alteração. O fonoaudiólogo pode  realizar exercícios isométricos e isotônicos para atingir o objetivo proposto, além de buscar a adequação das funções neurovegetativas, de respiração, sucção, mastigação e deglutição. A fonoaudiologia  atua no fortalecimento do palato mole para adequar a sua mobilidade e reduzindo o risco da incompetência velofaríngea. Existe uma área dentro da fonoaudiologia que estuda as alterações do sistema estomatognático, e como o ronco  é proveniente da alteração da musculatura orofaríngea e da hipotonia da sua musculatura é de grande importância o trabalho do fonoaudiólogoa para o aumento do tônus e da mobilidade, enfatizando as estruturas mais  alteradas, além do paciente receber orientações sobre a realização adequada das funções de sucção, mastigação e deglutição.

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